segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A MORTE DE OSÍRIS


O grande deus Rá soube que Nut e Geb secretamente se amavam. Em revide, lançou uma maldição sobre Nut para que ela não pudesse ter filhos em qualquer dia do ano. Tot, porem, que também amava Nut, conseguiu graças a truques apoderar-se de partes de vários dias suficientes para formar cinco dias a mais que poderiam ser acrescentados ao calendário do ano depois do seu último dia. Esses cinco dias se tornaram os do nascimento dos filhos de Nut e os egípcios deram-lhes nomes de acordo com esse fato.
 
O grande deus Rá soube que Nut e Geb secretamente se amavam. Em revide, lançou uma maldição sobre Nut para que ela não pudesse ter filhos em qualquer dia do ano. Tot, porem, que também amava Nut, conseguiu graças a truques apoderar-se de partes de vários dias suficientes para formar cinco dias a mais que poderiam ser acrescentados ao calendário do ano depois do seu último dia. Esses cinco dias se tornaram os do nascimento dos filhos de Nut e os egípcios deram-lhes nomes de acordo com esse fato. No primeiro dia, nasceu Osíris; no segundo, Horus; no terceiro, Set; no quarto, Ísis e no quinto, Néftis. Desses cinco deuses, Néftis e Set se casaram e o mesmo aconteceu com Ísis e Osíris. Dizia-se que o último casal começara a amar-se quando ainda estavam ambos no ventre materno. Com o tempo, Osíris chegou a ser rei dos egípcios, os quais governou com benevolência. Libertou-os da vida rude e primitiva que levavam; ensinou-lhes a agricultura, deu-lhes leis e encaminhou-os no culto dos deuses. Depois, voltou sua atenção para o resto do mundo e levou a civilização a todos os lugares por onde passou, conquistando as pessoas por meio de palavras doces e suave persuasão. Set tinha uma inveja desesperada de Osíris e resolveu acabar com ele. Enquanto Osíris estivesse ausente do Egito, bem pouco poderia Set fazer porque Ísis tratava cuidadosamente dos interesses do marido. Logo que ele voltou, porém, Set convidou-o para um grande banquete juntamente com numerosos companheiros seus. Havia previamente conseguido as medidas do corpo de Osíris e encomendou a marceneiros peritos a feitura de um cofre maravilhoso exatamente desse tamanho e ricamente ornado. No decurso da festa, o cofre foi levado para o grande salão onde todos se banqueteavam e Set disse que o daria de presente ao convidado que coubesse dentro dele. Um por um, todos os seus companheiros de conspiração experimentaram o tamanho do cofre, mas em alguns casos este era muito grande e em outros casos, pequeno demais. Por fim, chegou a vez de Osíris. Quando ele entrou no cofre e se deitou, viu-se que o tamanho era perfeito. No mesmo instante, Set e seus companheiros fecharam a tampa do cofre e correram os ferrolhos, selando então o cofre com chumbo derretido. Disposto não só a matar Osíris mas também a dar-lhe um fim ao corpo, Set deu instruções aos seus homens para que levassem o corpo para o rio que passava perto da sua casa e o jogassem na correnteza. Com um pouco de sorte, o rio levaria o caixão para o mar e seu conteúdo nunca mais seria visto. Ísis acabou sabendo disso e, imersa em grande tristeza, saiu à procura do cofre. Para marcar o luto, cortou um anel de seus cabelos e se vestiu de roupas especiais de luto. Enquanto viajava, fazia parar todos os que encontrava e perguntavase tinham visto o cofre. Perguntava até às crianças porque elas passavam o tempo a percorrer o campo, vendo tudo e notando todas as coisas estranhas que aconteciam. No fim, foram algumas crianças que lhe disseram qual das bocas do Nilo tinha sido usada por Set e seus cúmplices. O que tinha acontecido ao cofre depois de ter sido lançado ao Nilo fora o seguinte: primeiro, fora levado para o mar e então a correnteza o arrastara para a costa do Líbano, perto da cidade de Biblos. Ali, as ondas haviam-no arremessado à praia e ele chegara a descansar entre os galhos de uma árvore nova. Ao crescer, a árvore fechara o cofre dentro de seu tronco e, quando atingira o seu pleno desenvolvimento, o cofre se tornara inteiramente invisível. O rei de Biblos, passando por ali um dia, notou a bela árvore. Mandou cortar a parte superior arqueada na qual estava enterrado o cofre para fazer com ela uma pela coluna para sustentar o salão de seu palácio. Aquela parte do tronco era exatamente do tamanho e da forma necessários para o fim a que se destinava e os carpinteiros se limitaram a cortar os galhos laterais para que o ajustamento fosse perfeito. Enquanto isso, nas suas buscas, Ísis tinha ouvido o rumor de que o cofre tinha ido parar em Biblos e soube também do que acontecera ao mesmo. Foi então para Biblos e um dia foi encontrada junto a um poço num estado de grande aflição. Não falava com ninguém que dela se aproximasse a não ser com as servas da rainha de Biblos. Fez amizade com elas e se ofereceu para ajudá-las nos seus cuidados de beleza. Fez-lhes os cabelos com muita perícia e espalhou sobre elas o perfume que emanava de todo o seu ser. A sua habilidade em coisas dessa espécie estavam além dos poderes mortais e as criadas foram transformadas em verdadeiras belezas. Além disso, levavam por toda a parte o perfume da deusa e todos os que o sentiam ficavam atônitos com a sua sedução. Quando a rainha viu o que tinha acontecido às suas servas, desejou conhecer essa estrangeira excepcional que dispunha de um perfume tão admirável e mandou convidá-la para ir até o palácio. A rainha e Ísis iniciaram imediatamente uma grande amizade e a deusa foi instalada na casa real como ama do filho da rainha. Entretanto, à noite, quando era hora de amamentar a criança, Ísis lhe dava o dedo para chupar em vez do seio e procurou tornar a criança imortal queimando-lhe as partes mortais do corpo. Ao mesmo tempo, ela se transformava numa andorinha e voava sem parar em torno da coluna que continha o cofre a lamentar-se em altas vozes. A rainha, que tinha ido secretamente ver o que estava acontecendo, deu um grito pungente quando viu o filho em chamas e, assim fazendo, quebrou o encanto e impediu a criança de tornar-se imortal. Ísis revelou então à rainha quem era e pediu-lhe a coluna a fim de que pudesse recuperar o corpo do marido. Derrubou então a coluna sem dificuldade e cortou a madeira externa até que o cofre aparecesse. Cobriu então os pedaços da árvore assim retirados de linho e óleo perfumado e deu-os ao rei e à rainha que os colocaram no templo de Ísis na cidade, onde foram honrados como grandes relíquias. Com o cofre cuidadosamente guardado, Ísis embarcou num navio em Biblos e voltou para o Egito. Logo que tocou a terra num lugar silencioso e desolado, tirou o cofre do navio, abriu-o e abraçou o corpo de Osíris, chorando amargamente sobre o corpo inerte. Nessa altura, a vigilância de Ísis de algum modo afrouxou. Ísis deixou-o durante algum tempo nos pântanos e, durante a noite, Set, que estava caçando, encontrou-o e reconheceu o corpo de seu velho inimigo. Conhecendo a perícia mágica de Ísis, resolveu frustrá-la. Tomou o corpo e cortou-o em muitos pedaços, talvez quatorze, talvez dezesseis, e espalhou-os por todo o Egito. Esperava que Ísis não fosse capaz de encontrá-los a todos, embora soubesse que ela não pouparia esforços para procurá-los e juntar de novo o corpo do marido morto. Set não agiu com muita argúcia, pois a sua astúcia era simples comparada com a de Ísis. Quando Ísis descobriu o que havia acontecido, partiu de novo em busca do marido, dessa vez ajudada por sua irmã Néftis. A busca fê-las percorrer todo o Egito do Delta à Núbia e pouco a pouco descobriram onde estava cada pedaço. Ísis e Néftis, depois de recolherem cada pedaço, restituíram o corpo até que ele ficou completo, fazendo assim a primeira múmia. Mas o pênis de Osíris fora engolido por um peixe oxirrinco. A magia de Ísis conseguiu, porém, um substituto, embora ela não tivesse conseguido reviver todo o corpo. Ainda assim, teve tanto êxito nos seus esforços que chegou a conceber um filho dele. Horus nasceu e herdou o poder real de Osíris na terra, enquanto Osíris, para sempre rei morto, governou o reino dos mortos. 
 
fonte: terceira visão

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